segunda-feira, 1 de abril de 2013

História: arte ou ciência?

O estatuto científico ou artístico da História é ainda uma das discussões mais acaloradas entre estudiosos e curiosos da área. Marc Bloch situa seu início por volta de 1800, possivelmente durante o processo de institucionalização da História, marcado sobretudo pelas disputas com disciplinas vizinhas como a Filosofia e a Teologia. Como quase tudo que é particular a História, não há consenso sobre o assunto, entretanto por entenderem que esse debate não sai do lugar-comum, muitos historiadores se recusam a refletir sobre tal e, por isso, não conseguem sequer formular uma resposta adequada a qualquer pessoa que os indagam – o filho, o aluno, o filósofo, o porteiro, a tia do interior... Neste post pretendo descrever brevemente as considerações de pensadores sobre a questão, e fazer modestas considerações pessoais explicitando minha posição.

Se os saberes ocidentais são herdeiros da cultura grega, convém começar com Aristóteles. Na Poética, o filósofo ao comparar e separar os ofícios do poeta e do historiador desenvolveu argumentos que serão contrapostos e reafirmados por variados historiadores modernos, muitas vezes sem o saberem. Para o grego, o historiador narra o que aconteceu, enquanto o poeta representa o que é possível acontecer segundo a verossimilhança e a necessidade. “Por isso a poesia é algo de mais filosófico e mais sério do que a história, pois refere aquela principalmente ao universal, e esta ao particular. Por ‘referir-se’ ao universal entendo eu atribuir a um indivíduo de determinada natureza pensamentos e ações que, por liame de necessidade ou verossimilhança, convém a tal natureza; e ao universal, assim entendido, visa a poesia, ainda que dê nomes às suas personagens; particular, pelo contrário, é o que fez Alcebíades ou o que lhe aconteceu”, escreve Aristóteles (1984, p. 249).

Pode-se pensar, a partir da exposição acima, que a história descreve os acontecimentos passados sem o dever de utilizar a necessidade e a verossimilhança como elementos para conectá-los; ela apenas relata, enquanto a poesia se utiliza de artifícios específicos para estabelecer conexões, embora os eventos não tenham efetivamente ocorrido. A história fala do particular, do fragmentário, do individualizado, já a poesia fala do universal, pois, para Aristóteles, ela constrói um todo, com princípio, meio e fim (1984, p. 242). Ora, se você, leitor, estuda história, saberá que a disciplina abandonou a simples pretensão de narrar os eventos sem encontrar (ou seria inventar?) uma conexão necessária ou verossímil entre eles desde o século 19, quando almeja constituir-se como ciência. É por isso que Hayden White disse que a narrativa da história moderna é essencialmente uma poética, ou seja, arte. White (1995) não descarta em hipótese alguma que a história tenha um momento de empiria quando recolhe e classifica os documentos a partir dos quais o texto historiográfico será escrito, entretanto, para arrolar os eventos “descobertos” através dos documentos, o historiador precisará dispor de recursos da narrativa literária.

Historicismo alemão:

Em 1821, o historiador alemão Wilhelm Humboldt apresentou um programa para o ofício do historiador no qual comparava novamente ao trabalho do poeta. Neste texto, Humboldt diz que a tarefa máxima do historiador é expor os acontecimentos, sendo ele, neste ponto, receptivo e passivo. Entretanto, considera que isso não basta. É necessário também que o historiador “faça” a conexão entre esses acontecimentos para que encontre a verdade essencial no todo. Como o historiador consegue fazer essa conexão? Segundo Humboldt, ele usa a fantasia. Aqui ele se iguala ao poeta por ser criativo e autônomo. Porém, diferentemente do poeta, o historiador usa a fantasia a partir dos eventos “expressos” pelos documentos e não de uma abstração geral na qual os eventos só se encaixarão. Contudo, Humboldt deixa escorregar que é preciso se livrar de eventos desviantes, contingentes e acidentais para bem adequar os acontecimentos ao “todo” em que se inserem. Penso! Será que esse “universal” (o todo) já não está previamente instaurado pela imaginação (ou fantasia) do historiador, tendo em vista a impossibilidade de construí-lo a partir da reunião de todos os “particulares” (os acontecimentos)? Quer dizer, para Humboldt está implícito que o historiador escolhe os acontecimentos que melhor se adequam a esse contexto causal. Em resumo, a resposta do historiador alemão sobre a questão levantada no título poderia ser a seguinte: a história é uma ocupação científica que se utiliza de operações artísticas. Em seu produto final, ela é ciência e arte, ao mesmo tempo.

Ranke (1795-1886)
A resposta de outro historiador alemão do século 19 é parecida. Para Leopold Ranke a história é ciência, mas ela se diferencia das demais por ser também uma arte. Assim ele escreve: a história “é ciência na medida em que recolhe, descobre, analisa em profundidade, e arte na medida em que representa e torna a dar forma ao que é descoberto, ao que é apreendido” (2010, p. 202). Ranke critica os filósofos que acreditam que a verdade da história em totalidade está num esquema abstrato construído a priori, e que passam a adequar os eventos ao seu conceito, só aceitando como verdadeiros os eventos que se submetem a tal. É a mesma crítica que direcionei a Humboldt. Esta crítica pode servir para apontar os limites de muitas “metafísicas da história” como aquela que diz que seu motor é a luta de classes. Quer dizer, se não houver luta de classes não tem história, não tem movimento, nem mudança? A luta de classes explica todos os acontecimentos? Obviamente isso não quer dizer que a luta de classes não exista.

Escola dos Annales:

Em uma perspectiva de pesquisa distinta, o historiador francês Marc Bloch deu outra resposta à questão em 1944. Ele se contrapôs aos pesquisadores inspirados nos dizeres de Durkheim que, em seu entender, quiseram banir da razão positiva as coisas humanas como, por exemplo, os acontecimentos. Mas também criticou os historiadores “historizantes” que, ao perceberem que a história não se adequava ao esquema físico das ciências naturais, caíram num modelo puramente “estético”. Para o historiador, houve uma mudança da concepção de ciência do século 19 – a teoria cinética dos gases, a mecânica einsteiniana e a teoria dos quanta flexibilizaram a ciência. “Estamos agora bem melhor preparados para admitir que, mesmo sem se mostrar capaz de demonstrações euclidianas ou de imutáveis leis de repetição, um conhecimento possa contudo pretender ao nome de científico”, argumenta Bloch (2001, p. 49). O autor reitera que a certeza e o universalismo são agora uma questão de grau. Para Bloch, a história é uma ciência (a ciência dos homens no tempo), mas toda ciência tem uma estética de linguagem que lhe é própria. Para penetrar os fatos históricos é necessária uma grande fínesse de linguagem. Assim, a arte em vez de excluir a cientificidade, complementa-a. Já seu colega na fundação da Escola dos Annales, Lucien Febvre, apontou que a história é um estudo cientificamente conduzido, desenvolve problematizações, levanta hipóteses, traça objetivos e se utiliza de métodos críticos, contudo não a considera como uma ciência (1989, p. 30).

Foucault:

Partindo de uma linha de raciocínio distinta e com preocupações diferentes dos historicistas (Humboldt e Ranke) e dos historiadores da Escola dos Annales (Bloch e Febvre), o filósofo Michel Foucault, ao fazer uma arqueologia do “conhecimento” moderno, disse que “a história talvez não tenha lugar entre as ciências humanas nem ao lado delas: é provável que entretenha com elas uma relação estranha, indefinida, indelével e mais fundamental do que seria uma relação de vizinhança num espaço comum” (1999, p. 508). A posição da história é de um saber perigoso e privilegiado. Diferentemente da História da Idade Clássica (período entre o Renascimento e a Revolução Francesa), que era preocupada com leis gerais e constantes sob uma visão na qual homem e o mundo se incorporavam num só movimento e numa história única, a História que vem a tona no século 19 diz respeito a historicidade própria de cada coisa, por exemplo, da linguagem, da riqueza e da vida. Tal “historicidade de cada coisa” confere a possibilidade de existência de ciências humanas como a filologia (linguagem), a economia (riqueza/relações de produção) e a biologia (vida). Os objetos de estudo de cada uma destas ciências não respeitam simplesmente a cabeça dos homens, mas suas dinâmicas próprias de funcionamento e de transformação com suas leis gerais. A partir de então o homem encontra-se esvaziado de historicidade já que está apartado de tudo isso. Essa forma nua de historicidade humana aponta o fato de que o homem enquanto tal está exposto ao acontecimento (da vida, da linguagem, das relações produtivas). Entretanto, o saber positivo sobre o homem só pode existir a partir do ponto em que se entende que ele é um ser que fala, que trabalha e que vive. Esse é o escândalo das ciências humanas! A linguagem, o trabalho e a vida se encarnam no homem ou é o homem que se encarna na linguagem, no trabalho e na vida? Os dois, eu diria. Ele modifica tais coisas e é modificado por elas, é duplamente sujeito e objeto, o chamado “empírico-transcendental” ao qual a ciência nunca chega, sempre está em descompasso. Por isso, o saber histórico ao não poder isolar seu objeto (o homem) sempre recorre aos outros campos do conhecimento para construir explicações. Paul Veyne, já salientara que existem acontecimentos históricos, mas não explicações históricas: “a História informa [no sentido de dar forma] seus materiais recorrendo a uma outra ciência, a Sociologia. De maneira análoga, existem de fato fenômenos astronômicos, mas, se não me engano, não existe explicação astronômica: a explicação dos fatos astronômicos é física” (1983, p. 05).

Marxismo inglês:

Sob uma perspectiva marxista, o historiador inglês E. P. Thompson apontou que “a tentativa de designar a história como ‘ciência’ sempre foi inútil e motivo de confusão. Se Marx, e, mais ainda, Engels, por vezes incidiram nesse erro, então podemos pedir desculpas, mas não devemos confundir a pretensão com seus procedimentos reais” (1981, p. 50). Contudo, para Thompson, há uma lógica histórica que orienta ou deve orientar os historiadores. O historiador rechaça a opinião de pesquisadores que dizem que o passado está em constante mudança, pois segundo ele o que muda são as perguntas e as perspectivas, mas não os fatos. Conforme Thompson, o conhecimento histórico é provisório, incompleto, seletivo, limitado e definido pelas perguntas que são feitas às evidências (documentos) e, embora ele não possa ser confirmado através de demonstração positiva, sua falsidade pode ser identificada. Dentro de tais ressalvas ele é, portanto, não só possível como verdadeiro.

Ciência e Dialética:

Voltemos a Aristóteles para dar um desfecho ao texto. Na busca de uma explicação didática sobre a fundamentação de um discurso científico podemos recorrer à teoria dos silogismos aristotélicos. O silogismo é o raciocínio em que uma conclusão é obtida através da consequência necessária de assertivas anteriores. Exemplo clássico: Todo homem é mortal. Sócrates é um homem. Logo, Sócrates é mortal. Aristóteles divide os silogismos em diferenciados tipos, ao que nos interessa aqui há duas definições distintas: o silogismo científico (ou demonstração) e o silogismo dialético. O primeiro (científico) além de correto é verdadeiro, pois precisa proceder de premissas verdadeiras, enquanto o segundo (dialético) é baseado em premissas constituídas pela opinião, quer dizer, em afirmações aceitas por todos, pela maioria ou pelos sábios e cuja veracidade é somente provável e não verdadeira (PEREIRA, 2001). Neste sentido, Aristóteles diferencia a ciência da dialética em relação à verdade (premissa demonstrável) e à verossimilhança (opinião da maioria). Ao contrário do silogismo dialético que opera por dedução a partir das premissas expressas pela opinião (doxa) da comunidade, o silogismo científico se fundamenta pelo método de indução ou de intuição que devem ser inteligíveis por si, não precisam de justificação que prescinda deles.

“A indução é o processo pelo qual se extrai o particular do universal. Ela começa pela experiência dos dados particulares e ocorre quando abstraímos destes dados um enunciado universal” (CAMPOS, 2010, p. 11). Exemplo: desconsiderando o vento, o clima e a densidade do ar, joga-se um objeto de determinado peso e medida de uma altura de cinco metros por seguidas vezes e extrai-se a média de velocidade ao calcular o tempo que ele gasta para cair. Outra coisa é o dedutivo, como um historiador dizer que só foi possível um determinado indivíduo das classes pobres criticar a Igreja no século 16 por ter acontecido a Reforma Protestante e a Invenção da Impressa. Neste caso, há uma diferença considerável entre a necessidade – é inevitável que naquelas condições postas o objeto atinja uma certa velocidade demonstrada através dos testes realizados – e a possibilidade – é possível que os motivos que fizeram com que fulano reagisse contra a Igreja estivessem relacionados com os “grandes” acontecimentos da época, mas poderiam ser outros.

Pitacos Safados!

Para fim de conversa, vale ressaltar que reconheço a densidade da teoria silogística para ser apresentada num espaço tão curto. Também sei do limite da definição entre discurso científico e dialético (retórico, poético, etc.) expressado inclusive na impossibilidade da ciência se fundamentar através de um saber inteiramente científico, buscando socorro à dialética ou em princípios indemonstráveis (axiomas) para se justificar. Não é a toa que Ari (para os íntimos) preferia os homens de arte aos homens de ciência, pois considerava aquela atividade acima desta.

Ao contrário do que afirma boa parte dos historiadores, creio que a História não seja ciência nem arte. Tampouco as duas juntas. E isso não é diminuí-la. A História é uma atividade diferente. Ela não necessita se fundamentar fora dela mesma, nem respeitar uma hierarquia que coloca a ciência acima de tudo, para possuir e construir valores para a vida. Se ela deve se submeter a algo, então que seja a vida – a vida plena, a pulsão ao existir, não apenas ao sobreviver (aliás, a sobrevivência ultimamente tem atentado contra a vida). Exceto isso, não me parece que a História deva ter uma função social “universalista” e “determinada” (como já teve em outras ocasiões, levando em algumas vezes ao desastre), porém “particularista”, que comporte o quão maior número de diferenças e novidades. Que ela se preste a criação e a denúncia do que atrapalha a criação. Que não se reduza ao possível para pensar outras formas de viver e de sentir. É por estas razões que acredito que antes de ser um discurso textual e uma pesquisa, a História é uma posição no mundo, uma maneira de descobrir não simplesmente o passado, mas de olhar para o futuro.

Referências:

ARISTÓTELES. Poética. Coleção “Os pensadores”. São Paulo: Abril Cultural, 1984.
BLOCH, Marc. Apologia da história: ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
BOAS, Crisoston T. Vilas. Para ler Foucault. Ouro Preto: Imprensa Universitária da UFOP, 2002.
CAMPOS, Sávio. A teoria dos silogismos: o primado do intelecto intuitivo na analítica aristotélica. Universidade Federal do Mato Grosso – Instituto de Filosofia. Cuiabá, 2010.
FEBVRE, Lucien. Combates pela história. Lisboa: Editorial Presença, 1989.
FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
HUMBOLDT, Wilhelm. Sobre a tarefa do historiador [1821]. In: MARTINS, E. R. (org.). A história pensada. São Paulo: Contexto, 2010, p. 82-100.
PEREIRA, Oswaldo Porchat. Ciência e dialética em Aristóteles. São Paulo: Unesp, 2001.
RANKE, Leopold v. O conceito de história universal [1831]. In: MARTINS, E. R. (org.). A história pensada. São Paulo: Contexto, 2010, p. 202-215.
THOMPSON, Edward Palmer. A miséria da teoria ou um planetário de erros: uma crítica ao pensamento de Althusser. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
VEYNE, Paul. O inventário das diferenças. São Paulo: Editora Brasiliense, 1983.
WHITE, Hayden. Meta-história: A imaginação histórica do século XIX. São Paulo: EDUSP, 1995.  
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14 comentários:

  1. Parece-me interessante o texto do Veyne - eu não conhecia!
    Sabes se vai na linha da "filosofia da diferença", de Deleuze?
    Um abraço.

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    1. Apesar da minha curta leitura de Deleuze, creio que há uma relação sim, Pedro. Só não saberia precisar em que medida. O livro-texto do Veyne se encontra fácil em PDF na Internet. Recomendo!

      Abraços!

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  2. É muito bom discutir esse tema, dá muito "pano pra manga"! Considerar a História como arte ou ciência muitas vezes é sinônimo de "desvalorizar" ou atribuir "papéis" para a mesma! Acho que devemos sempre debater isso, mas nunca deixar de ver na história sua grande importância!

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    1. Concordo, Amanda. Especialmente porque os conceitos de "ciência" e de "arte" carregam toda uma tradição e expressam interesses políticos dos diversos jogos de poder dentro das sociedades nas quais aparecem. Por sua vez, os historiadores, enquanto agentes sociais, intervêm e são afetados por essas forças quando assumem quaisquer posições no debate e na prática. Ou seja, eles também jogam (nós também jogamos, mesmo quando não queremos jogar). É isso! Obrigado pelo comentário!

      Abraços!

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  3. Parabéns, você fez algo excelente: foi sensato e além de tudo com bom humor. Não buscou denegrir ninguém e compartilhou conhecimento com outras pessoas, obrigado!

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  4. Apesar de discordar da sua opinião, gostei muito do texto e da bibliografia. Estou trabalhando em um artigo sobre o assunto e o que escreveu foi de grande ajuda como ponto de partida.

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    1. Grato pelo comentário, pessoa. E boa sorte na escrita do artigo!

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  5. Concordo com você, quando diz que a História não é ciência nem arte. Mas uma posição no mundo, uma atividade diferente que não precisa se submeter a nada para existir. A História são as pessoas! É o viver todo dia e cada dia...

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    1. "É o viver todo dia e cada dia..." e transformar essa experiência numa linguagem escrita, com ênfases e ofuscamentos, como qualquer outra narrativa - eu acrescentaria. É importante ter a dimensão de que a História é, mais e menos do que o passado vivido, um discurso construído no presente. Muito obrigado pelo comentário, colega!

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  6. "Ao contrário do que afirma boa parte dos historiadores, creio que a História não seja ciência nem arte. Tampouco as duas juntas. E isso não é diminuí-la. A História é uma atividade diferente. "

    Belo trabalho. E parabéns pela conclusão intelectualmente honesta.

    Vou discorrer rapdamente minha opinião: devido a propria natureza, é inviável se aplicar a mesma metodologia cientifica para o historicismo. Querer classificar a história como ciência no sentido restrito, além de ser uma foçação de barra, mostra um certo ranço cientificista, ao querer pressupor que a ciência é um tipo de conhecimento superior a todos os demais conhecimentos humanos. O que no sentido lógico,é uma contradição em si mesma, visto que o método científico não valida a sí proprio.
    Em suma: história não é ciência nem arte. O que não impede, de ser um estudo cientificamente conduzido.

    Abraço!

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    1. Muitas das posições pró-cientificidade da história são fruto da tentativa de sua afirmação e legitimidade. Inclusive aquela relativa às verbas que sustentam as instituições. Obrigado pelo comentário, colega.

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